sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

A revista do ano 2010

O ano de 2010 está quase a acabar, para aqueles que seguem o calendário Gregoriano. Mas calendários há muitos e também evoluem ou mudam. Tal como nós cá por casa e este blog também. Há sempre novos desportos para experimentar, novos lugares para descobrir e novas experiências que nos vão formando para o que nos resta desta vida. Não sei se há outras vidas mas esta é, garantidamente, curta. Por isso, cá por casa, aproveitamos todos os "bocadinhos" para a viver.

O ano de 2010 foi marcante nas nossas vidas. O próximo também o será, pelas mesmas razões. O desporto continuará a ocupar grande parte dos nossos tempos livres. Continuaremos a arrumar a casa durante a semana, a ir ao supermercado durante a semana, a lavar a roupa e a passar a ferro durante a semana, para termos os fins-de-semana completamente livres para o desporto. Para nós.

No ano de 2010 iniciámos as caminhadas mais a sério. Percorremos cerca de 300 (trezentos) quilómetros, desde os Picos de Europa à Via Algarviana. Também andámos pela cascalheira do PNSAC, pela beleza das cascatas de Vila de Rei e dos Caminhos de Xisto da Benfeita. Fizemos caminhadas nocturnas e gastronómicas. Muitas das caminhadas foram feitas junto ao mar, foram muitos anos a ver o mar da janela do quarto que leva a esta "necessidade".

Foi em 2010 que comecei a correr, a Tânia não gosta, tendo participado na simpática corrida pela Diabetes e na grande confusão da Corrida do Tejo.

O ano de 2010 também teve muito BTT. Cada um dos quase 3000 (três mil) quilómetros tem uma estória para contar. E foi contada aqui no blog. Da nossa peregrinação a Santiago de Compostela ainda só há fotos, mas as palavras chegarão. Estamos a precisar de um fim-de-semana muito chuvoso para ficar em casa. Mesmo com avisos da meteorologia temos andado por aí, a pedalar, a caminhar.

Os Caminhos de Santiago são para recordar e repetir sempre que possível, de bicicleta ou a pé. Foram momentos mágicos, desde o tempo de espera junto à Sé do Porto para carimbar a Credencial do Peregrino ou quando saltávamos, literalmente, para dentro das fontes para nos refrescarmos dos quarenta e tal graus de temperatura. Até houve tempo para uma horita de piscina. Os relatos diários vão aparecer.

Também fizemos algumas travessias de dois dias. A travessia de Lisboa a Vila Velha de Ródão foi memorável, também com muito calor. Este ano embarcámos, pela primeira vez, na peregrinação dos Maníacos do Pedal até Fátima. Na altura andávamos a treinar para os Caminhos de Santiago. Levámos as mochilas às costas e ainda fomos apanhar o comboio a Tomar. Até Lisboa não houve descanso, passámos a viagem a ouvir os escuteiros cantar.

Experimentámos pela primeira vez a conhecida Maratona Internacional da Idanha, aceitámos o desafio Sicó (A Idade da Pedra), ficámos a conhecer os melhores trilhos entre o Entroncamento e Fátima, participámos em muitos passeios dos Maníacos do Pedal e ainda participámos numa Dança do Sol, na Arrábida.

As nossas melhores voltas tiveram ou altas temperaturas ou chuva intensa. Fica na memória um passeio, a dois, que fizemos na zona de Marvão com uma passagem por Espanha. Choveu intensamente durante todo o dia, havia riachos por todo o lado, por vezes até nas estradas. Mas, nunca nos passou pela cabeça desistir. Foi memorável, nunca iremos esquecer as paisagens e as dificuldades.

Depois fomos a Santiago de Compostela. Ao passar pelos peregrinos a pé, ficámos com vontade de experimentar. E iremos experimentar, por isso começámos nas caminhadas. Descobrimos locais maravilhosos e com uma logística facilitada temos andado por aí.

Para o novo ano que está quase a chegar, há novos desafios, novos projectos, novas experiências.

Entrem com o pé direito, ou com o esquerdo ou com os dois ao mesmo tempo. Feliz 2011.

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Aqui há gato... Há mesmo um gato!

Ao ler os comentários do post anterior (ver aqui) fiquei a pensar que não vale a pena...

Não vale a pena andar a alimentar o gato cá de casa com Purina com Actilea (new and enhanced formula for Purina ONE that has been specifically designed to help optimise your cat's overall health, diz o markting da Purina).

Não vale a pena ir alternando entre Purina e Hills, para o gatito não enjoar e ter uma alimentação diversificada.

Não vale a pena escovar o gato uma vez por dia para ele ficar com o pêlo sedoso e bonito.

Não vale a pena comprar brinquedos para o gato se divertir e gastar algumas calorias. Isso já sabíamos que não vale mesmo a pena. O que ele gosta é dos pompons da roupa da Tânia e dos elásticos do cabelo. Por este andar, brevemente toda a produção mundial de elásticos do cabelo irá directamente lá para casa. A alternativa é ir ver o que há debaixo do sofá... Das bikes só gosta das tampas coloridas dos pipos das câmaras de ar.

Não vale a pena limpar as remelas dos olhos do gato. Sim, ele às vezes é preguiçoso e tenho de ser eu a lavar-lhe o focinho.

Não vale a pena gastar tempo escolher o melhor ângulo para a foto ficar boa. Nem vale a pena usar o Photoshop para apagar a roda da frente. Afinal, as rodas são todas iguais: um aro, vários raios e um pneu. Se é 26, 29 ou 700, toda a gente sabe que o tamanho não é o mais importante.

Não valeu a pena isso e muito mais porque todos os comentários foram dirigidos a um plano secundário e desfocado. Comentários sobre a beleza do felino não chegou nenhum...

Podiam, pelo menos, ter dito que a bike nova era da cor dos bigodes do gato...

Já que não fizeram nada disso, vamos então falar da bike. É uma CANYON, branquinha, que permite rolar a 40 km/h sem grandes dificuldades. Se ainda há dúvidas, a foto seguinte é esclarecedora. Não liguem à remela no olho direito do gato...

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

sábado, 18 de dezembro de 2010

Infiltrado no encontro do Clube Mondraker

Eu agora só vou a encontros de clubes de marcas de bicicletas. Já não andava desde o encontro das KTM. Nestes encontros é garantido que o tempo a pedalar seja quase igual ao tempo de descanso. Hoje, apesar das muitas tentativas para o tempo de descanso ganhar, o tempo a pedalar ganhou por cerca de 10 minutos: 2h39m a pedalar e 2h23m a descansar. Esta estatística foi aferida pelo meu GPS, quando alguns andavam aos saltos com a bicicleta eu estava paradito a filmar. Alguém tinha de o fazer... Só por isso!

A falta de quilómetros nas pernas já se nota naquilo que mais gostava e me sentia à vontade: as subidas rápidas. Ia eu descansadinho a meio da subida, passa por mim uma Santa Cruz, branca com umas flores decalcadas e lettering KITOS (se ainda houvessem dúvidas), a subir como se só houvesse um pastel de nata quentinho, com canela, no cimo da subida. Na realidade, todos sabíamos que não havia pastel nenhum. Os treinos de estrada é que andam a fazer a diferença...

Os guias (A. e JP) conhecem o Monsanto tão bem que até por trilhos camuflados nos levaram. Ainda se fala cá em casa da outra volta com "os" Mondraker. Este pessoal vira mesmo as costas aos estradões e leva-nos para os locais onde a adrenalina espreita a cada curva, a cada pedra, a cada drop. Foi um espectáculo. E ficou gravada no meu GPS...

Não vou dizer por onde andámos, já dei umas pistas por onde não passámos agora é imaginar.

No final, passámos pelas lavadoras grátis de bicicletas. Aquilo até funciona, principalmente se antes de passar por água tirar-mos a terra maior com um pau.

Quanto ao almoço não posso comentar, mas por pouco tempo. Aquele polvo à lagareiro parece irrestível.





Mais em maniacosdopedal.com.

sábado, 11 de dezembro de 2010

Caminho do Xisto da Benfeita - Frescura das Cascatas

"Benfeita", aquela palavra que os nossos pais nos diziam quando fazíamos alguma traquinice e nos magoávamos. Era certinho - se brincasse com o gato e ele me arranhasse - é "Benfeita", diriam os meus pais. É "Benfeita" que já de disse para não puxares o rabo ao gato! "Benfeita" por isto e "Benfeita" por aquilo. A partir de hoje fiquei a saber que afinal a Benfeita, sem aspas, existe e é mesmo bem feita. É uma formosa freguesia perdida na serra do Açor, no concelho de Arganil.

Chegámos à Benfeita por volta do meio-dia, procurámos o único café da aldeia mas estava fechado. Deveríamos ter parado em Côja. Sem café, com as mochilas às costas, lá seguimos à descoberta do Caminho do Xisto da Benfeita - Frescura das Cascatas. É um percurso de PR (pequena rota), com 10 quilómetros, marcado e circular. Mesmo assim levámos o GPS com o track que tirámos do site das Aldeias de Xisto.

A primeira cascata apareceu-nos ainda se avistava o povoado da Benfeita. É uma sequência de cascatas e açudes que alimentam um moinho de água. Uma estrutura antiga que permite moer cereais aproveitando a energia cinética da água da ribeira. É um sistema natural e ecológico não provocando alterações no leito do rio, apenas uma pequena parte do caudal do rio é desviado e devolvido pouco depois. Este moinho ainda funciona e imagino o cheirinho da broa que resulta do milho e do centeio moído aqui.



Pelo gráfico da altimetria, a primeira parte do percurso era sempre a subir. Já sabíamos. Só não contávamos que os caminhos fossem tão difíceis. Demorámos mais de uma hora para percorrer dois quilómetros e meio. Sempre a subir, atravessando ribeiros, passando por paredes com água de um lado e um "cama" de silvas do outro... Trepando paredes através de uma espécie de degraus formados por umas pedras mais salientes. Enfim, foi giro mas cansativo.





Mas atenção, durante todo o percurso há vários bancos de madeira para ir descansando. Admito, usá-mo-los algumas vezes. Muitas vezes, vá!





Para além dos banquinhos existem várias construções para tornar este percurso possível em qualquer altura do ano. Cordas para apoio nas zonas mais difíceis e pontes nos locais em que o nível da água das ribeiras possa dificultar a passagem. Tudo bem enquadrado na paisagem.



O percurso passa por duas pequenas aldeias: Sardal e Pardieiros. São mesmo pequenos povoados. Não encontrámos ninguém para dizer bom dia ou boa tarde, neste caso. Portanto, é sempre boa ideia levar alguma comida. Água há por lá muita e bem límpida mesmo fresquinha, vamos passar a andar com um copo na mochila.

Um dos ex-libris da Mata da Margaraça é a Fraga de Pena. É pena este percurso não passar por lá. Mas nós passámos. Antes de chegar à aldeia de Pardieiros, vão ver um estrada de alcatrão à esquerda do trilho. Quando virem um caminho em direcção à estrada de alcatrão, sinalizada com uma seta azul, desçam por aí até à estrada e depois voltem para trás até encontrarem a indicação de Fraga da Pena. No total, ida e volta, faz-se pouco mais de um quilómetro e ficamos a conhecer uma magnífica cascata formada pela queda da água por um acidente geológico. O local está muito bem preservado, vale a pena uma visita. Dá para ir de carro, basta seguir as indicações Fraga de Pena ou Mata da Margaraça.

A nossa visita à Fraga da Pena aqui.

A parte final do percurso do Caminho do Xisto da Benfeita - Frescura das Cascatas - é muito acessível. Quase sem se dar por isso já estávamos na Benfeita a fazer uns bons alongamentos.



Se nos dessem um inquérito e estivesse lá a pergunta: "Aconselhava este trilho a um amigo?", responderíamos logo que sim. Pode-se fazer o ano todo, mas no Inverno tem a magia das cascatas. No Verão a primeira parte pode ser dificultada pelo calor.

E agora as fotos, onde não faltam um burro e uma ovelha negra. Ficam sempre bem num álbum de fotografias.



O track e informação sobre o percurso aqui.

Fraga da Pena



Em breve o relato e muitas fotos de um dos locais mais bonitos de Portugal. Um presente "Somos pelos Gatos" para os nossos leitores.

sábado, 4 de dezembro de 2010

PR1 - Trilho das Cascatas - Vila de Rei

Perdeu-se um fim-de-semana na neve, para estrear o equipamento novo. Perderam-se os bonecos de neve, gordos e mal-feitos, desproporcionais, sem pernas, com braços feitos de ramos de árvores e nariz de pedra, fria. Perderam-se várias tentativas de fazer ski, perderam-se várias quedas, também... Perderam-se horas passadas à lareira a rir das quedas que teríamos dado e a tentar aquecer as mãos e os pés que deveriam estar ainda gelados. Perdeu-se muita coisa, mas ganhou-se um excelente dia passado no centro geodésico de Portugal continental.

Mais uma vez não tivemos medo da chuva e do frio e fomos até Vila de Rei, uma rica vila no centro de Portugal. Rica, literalmente, impressiona a quantidade de escolas, jardins de infância, arruamentos, tudo novo, que há e que estão a fazer nesta terra. Quase não se vê ninguém na rua, o que torna tudo isso mais impressionante.

Já tínhamos decidido a caminhada a fazer, trilho das cascatas, mesmo assim passámos pelo posto de turismo/informação. Estava fechado. Não tínhamos folheto da caminhada, por isso avançámos, de carro, pela vila à procura das setas da rota. Junto do mercado municipal (edifício imponente e muito bem conservado, claro) lá estavam as setas de madeira com as cores de pequena rota, amarelo e vermelho, e a indicação do Trilho das Cascatas.

Após breve passagem pelas lindíssimas ruas empedradas da vila, deixámos o povoado e entrámos nos trilhos.



Caminhos muito fáceis, estradões largos, até ouvir o som da água a precipitar-se pelas cascatas do Escalvadouro.



A descoberta destas cascatas é uma surpresa, vamos por um caminho florestal normalíssimo com sobreiros. De repente a vegetação começa a ser apenas rastejante, aparecem as pedras largas e ouve-se a água a cair mas não se vê. Avançamos um pouco até sermos travados pela vertigem da vista espectacular sobre as várias sequências de cascatas.

Esta é uma das partes mais difíceis da caminhada, onde é preciso muito equilíbrio e técnica para trepar entre as pedras estrategicamente colocadas (ou pura coincidência) no leito da ribeira do Lavadouro.



Ao deixar o leito da pequena ribeira, o trilho torna-se novamente fácil, mais uns quilómetros de estradão sempre na companhia de belas paisagens.



A próxima dificuldade, absolutamente secundária dada a sua beleza selvagem, foi a subida por um vale rochoso, com sucessivas cascatas, conhecido por quedas de água de Poios. Esta parte é particularmente difícil, fica o aviso.





Na foto seguinte, o fotógrafo de serviço andou a mexer nos botões da máquina.



Os quilómetros iam passando e depois deste conjunto de cascatas estávamos quase no fim da nossa caminhada. O percurso tem algumas deficiências de marcação, principalmente na parte final. Uma dica: quando não há marcação sigam em frente, excepto na parte final em que junto ao cemitério (novo, claro) em que virámos à direita por alcatrão e entrámos novamente no trilho um pouco mais à frente à esquerda. Sigam pelo estradão e escolham, tal como nós fizemos, o melhor caminho até Vila de Rei.

Almoçámos no restaurante Central, junto do mercado municipal, onde tínhamos iniciado a caminhada. Fomos muito bem atendidos e a comida estava deliciosa e o abatanado quentíssimo, mesmo a calhar depois de quase dois pares de horas ao frio, muito frio.

Aqui a Tânia estava toda contente por ter recuperado o seu bastão que tinha ficado no quentinho.



Para terminar o dia subimos, de carro, até ao topo da serra da Melriça para, aí sim, estar no centro geodésico de Portugal continental. E vimos a serra da Estrela, branquinha...





A seguir as fotos das cascatas e laranjas.