domingo, 21 de março de 2010

A celebração da Primavera na zona de Marvão

Finalmente chegou a Primavera. Os dias cinzentos e chuvosos estão a acabar e vem aí o bom tempo. Isto quer dizer que vêm aí os dias inteiros a pedalar...

Para festejar fomos pedalar para a zona de Marvão. Uma zona em que qualquer foto se arrisca a dar um bom postal. Se em Lisboa o dia amanheceu primaveril, a fazer jus ao primeiro dia de Primavera do ano 2010, durante a viagem apanhámos muito nevoeiro. Por vezes o Sol aparecia e prometia um dia em grande. Os senhores na rádio TSF é que continuavam a ler o papel da meteorologia: "chuva forte acompanhada de trovoadas para o interior Centro e Sul".

Começámos a pedalar em Castelo de Vide. Deixámos o carro na praça central, junto da estátua D. Pedro V, o cognominado Esperançoso. Isso mesmo, na esperança de não apanharmos chuva.

Na subida, pelas escorregadias ruelas, para o castelo encontrámos umas senhoras que falavam da grande trovoada que tinha caído durante a noite. Olha que sorte, pensámos nós. A probabilidade de aparecer outra trovoada na mesma zona é mais reduzida. O dia começava bem. Tínhamos Sol e o horizonte avistado lá do topo do castelo de Vide prometia um dia em grande para o passeio em BTT.

Os objectivos deste passeio, a dois, era celebrar a entrada da Primavera, conhecer Marvão e fazer uma pequena incursão por trilhos D'El Rey Juan Carlos. Espanha era mesmo ali ao lado e achámos giro internacionalizar. Começámos em Castelo de Vide para termos tempo de dizer "ai". "Ai que vamos ter de subir aquilo tudo". A presença imponente, no nosso campo de visão, de Marvão não nos deixava esquecer de guardar um bocadinho de energia para subir até lá.

Cá está um belo postal, claro que a modelo também ajuda...



A primeira paragem foi em Beirã. Uma paragem rápida para tirar umas fotos, na estação da CP, e fugir dali porque estava lá um cão com ar de é-melhor-irem-se-embora-porque-tanto-salto-dou-que-a-trela-vai-partir-e-corro-mais-que-vocês-a-pedalar. A partir daqui começou a ficar farrusco. A presença de grandes nuvens negras assustava. Pensando bem, não assustava muito. O tempo estava quente e as paisagens era deslumbrantes. Era chato quando tínhamos de parar para deixar passar rebanhos de ovelhas. Pior que isso foi o pastor dizer: "ai onde se vão meter, o caminho aí para baixo está tão mau...". Estava um bocadito estragado, mas o sistema de suspensão total ajuda. As pedras, apesar de grandes a ocupar todo o trilho, não estavam escorregadias o que ajudava muito.



E chegou a chuva. Muita chuva, diluviana, mesmo. Ainda nos rimos um bocado. Não da chuva, mas da localidade por onde estávamos a passar: Cabeçudos. A chuva era tanta que não se via nada à nossa frente. Mas, por estranho que possa parecer, estávamos a gostar. O tempo estava quente e não havia vento. Só chuva e granizo a fazer barulho na vegetação e mesmo no nosso capacete e impermeável.

Se eu apanho a bruxa que nos anda a mandar chuva sempre que vamos pedalar, tiro-lhe a vassoura e dou-lhe com ela no rabo. E ainda lhe roubo o gato preto para fazer companhia ao amarelo lá de casa. Nós imaginávamos uma bruxa, com um garfo de churrasco, a fazer buracos nas nuvens mesmo por cima de nós...

Este dilúvio parou quando nos preparávamos para passar a fronteira. Não sei se provocado por esta tempestade que acabou de cair ou de outras durante a noite, mas um curso de água com muito caudal atravessava o estradão por onde seguíamos. Não dava para passar. Tivemos de usar uma ponte para comboios da linha de Cáceres. Quando estávamos a meio da ponte pareceu-nos ouvir a buzina do comboio. Corremos tanto até alcançar o final da ponte que depois pensámos: temos de nos inscrever numa maratona! Quando parámos ouvimos novamente aquele som que parecia do comboio. Mas não era! Eram umas vacas que estavam numa quinta em frente também assustadas com a chuvada que tinha acabado de cair. Imitavam mesmo bem um comboio.



E estávamos em Espanha. E como lá se fala castelhano...

La primera ruta en España fue a lavarse los pies, literalmente. Deben ser muy limpio...



Las rutas se siguen espectaculares, siempre por caminos de tierra, no muy amplio, y el alquitrán. Encontramos una pareja, que nos hay saludado muy bien, haciendo motocross. No había muchas personas a través de esa zona. La lluvia siguió cayendo con intensidad.

La lluvia se detuvo, y disfrutamos de un almuerzo tranquilo, cerca de la Ermita de Ntr. Sra. de los Remedios. Todo estaba muy limpio y muy cuidado recordando la Madeira. Después del descenso impresionante por la acera, no pudo frenar para evitar resbalones, llegamos a Valencia de Alcántara. Búsqueda de una terraza para tomar algo caliente, pero no pudo encontrar. Además, no quería perder mucho tiempo debido a las nubes oscuras que nos perseguían.



Não nos apercebemos da entrada em Portugal. Só soube quando olhei para o GPS e vi que já tinha novamente a hora Portuguesa. Deve ter sido numa descida, o que era raro nesta altura. As subidas eram prolongadas e com avisos da presença de abelhas. Tão caladinhos que nós íamos...

Marvão estava já ali à nossa frente. Era à frente mas muito mais para cima. Tínhamos de dobrar bem o pescoço para trás para olhar para Marvão. Ainda por cima estávamos sob uma trovoada. Tentávamos não passar debaixo de árvores porque os relâmpagos estavam muito próximos dos trovões.



A trovoada passou e apareceram as subidas complicadas até Marvão. Primeiro em alcatrão, no meio de um rebanho de ovelhas e com um cão ao lado a latir, e depois em calçada até Marvão. Chegámos lá cansaditos. Tudo bem, a seguir era sempre a descer. Como ainda era cedo, ocupámos um banco que por lá estava e ficámos ali a apanhar Sol e a esvaziar as mochilas com os mantimentos que restavam. Ainda havia uma sandes de ovo e chocolates. Fomos bem preparados com comida, depois de uma conversa com o pessoal da volta a Portugal em BTT, do ProjectoBTT, arranjar comida não é tarefa fácil para aqueles lados.





Depois da sessão fotográfica, descemos a todo-o-gás pelos labirintos e grandes portões do castelo e também pelo meio de Marvão. Apanhámos a estrada de alcatrão, sempre a descer, até Portagem e ainda arranjámos tempo para tentar visitar uma antiga cidade romana (Ammaia).

Cá de baixo via-se bem Marvão e o seu castelo altaneiro. Agora já não era preciso dizer "ai". Regressámos por estrada até Castelo de Vide.



Fizemos os sete quilómetros num instantinho, é praticamente plano.



Após arrumar as coisas e fazer os alongamentos fomos apanhar Sol para as escadas da igreja. Repusemos as energias com uns néctares que tínhamos deixado no carro e ficámos ali a fazer uma retrospecção desta nossa fantástica aventura. Nunca tínhamos apanhado tanta chuva mas estávamos satisfeitos por ter passado por sítios espectaculares.

2 comentários:

Kitos disse...

Vocês estão com um ano muito produtivo a nivel paisagistico... imagino a embalagem se tivessemos um Inverno mais maneiro... Estão a ser o culpados pela dor de cotovelo enorme que reina por estes lados... e não é do tempo!!!

Anónimo disse...

saludos desde españa de vuestros seguidores ginetas bikers .