sábado, 16 de outubro de 2010

Via Algarviana - São Bartolomeu de Messines a Silves



Este fim-de-semana fomos ver como estava o sol do Algarve e aproveitar para conhecer o outro Algarve: o interior.

Para começar o dia, colocámos as mochilas às costas com comida e bebida para o dia e fomos fazer uma etapa da Via Algarviana. Percorremos os cerca de 27 quilómetros do sector 9, entre São Bartolomeu de Messines e Silves. Se podíamos ir directamente para piscina? Podíamos, mas não era a mesma coisa...

Se há muita gente que pensa que o leite vem dos pacotes (será?!!), também poderá haver muito boa gente que nunca viu as azeitonas de mesa nos ramos altaneiros das oliveiras. Sempre lhe ouvi chamar azeitonas cordovis e até se faziam algumas piadas na escola porque eram azeitonas para curtir. Se quiserem saber como se faz sigam este link. Confesso que não li o texto todo, mas pareceu-me que não está lá o método que conheço em que se usa as cinzas da lareira. Talvez um dia até dê um post...

Cá está a azeitona que, se não cair ao chão ou for comida por um pássaro, deverá ser curtida e depois trincada por quem aprecia estes aperitivos simples.



Quando saímos da estrada de alcatrão, junto de S. B. Messines, e entrámos nos trilhos pensei que fizemos bem em trazer as mochilas grandes. Pareceu-me existirem mais romãzeiras que figueiras: dois frutos que gostamos muito lá em casa. Não me pareceu bem andar a assaltar os quintais das pessoas, mas pensámos que mais para a frente haveria mais em terrenos baldios. Não havia! Viemos do Algarve sem nenhuma romã na mochila! Eu sei onde há umas, igualmente boas, ali para os lados do paralelo 40 N. Meu amigos se andam habituados a comer romãs de supermercado, digo-vos que há melhores. Muito melhores. Têm os bagos bem vermelhinhos e deliciosos. Têm um inconveniente, ficam com as mãos e a boca vermelhos. Lá em casa, para além de ser descascador de laranjas, a tarefa de retirar os bagos das romãs para uma taça é minha... Depois há quem os coma de colher... E não é o gato, que não liga à fruta!

Mas estava a falar de quê? Hummm? Ah, já me lembro, da Via Algarviana.

O percurso até às margens da albufeira do Funcho é muito bonito e bastante acessível. Esta albufeira foi nossa companhia em quase 10 quilómetros. Mas não foi nada monótono porque a paisagem é fantástica. Se estamos habituados a fazer quilómetros sentados dentro de um carro em que se olharmos para a direita temos alguém a limpar os salões do nariz com o dedo, e na esquerda temos aqueles senhores que vão a 10 km/h na faixa da esquerda. E se não avançamos logo que o semáforo passa a verde, ouve-se logo uma buzina... Para contrastar com isso temos a albufeira à direita e os medronhos à esquerda.



O Algarve interior também é conhecido pela produção de aguardente de medronho. Hoje percebemos porquê. Não resistimos a provar os deliciosos medronhos, embora estivesse lá uma placa a proibir a apanha de medronho. Mas era inevitável, os caminheiros tinham fome e a caminheira nunca tinha comido medronhos.



A primeira subida do dia levou-nos até um parque de merendas, construído pelo Instituto da Água. Aproveitámos para sacar do almoço, sentámo-nos nos bancos e ficámos por ali uns largos minutos a saborear umas sandes de ovo e um delicioso néctar de pêra. À nossa frente uma paisagem agradável formada pelo espelho de água da albufeira do Funcho.

Do parque de merendas até à barragem foi sempre a descer, depois seguimos por um estradão largo até uma extenuante subida. Talvez quatro quilómetros sempre a subir, por vezes bem íngreme. Lá de cima, com alguma imaginação (muita!) dá para ver o Oceano Atlântico. Mas grande parte do Algarve interior, e os muitos montes e vales, isso vê-se.





Depois foi quase sempre a descer até Silves. A paisagem era monótona, socalcos para plantar eucaliptos. Já próximo de Silves encontrámos um carreirinho, também conhecido por single-track.

E chegámos a Silves. Ou quase, porque a Via Algarviana não passa em Silves. Fica a mais de 2 quilómetros da zona ribeirinha de Silves. No total fizemos 30 quilómetros!

Para quem quiser ir fazer esta etapa a pé tomem nota do seguinte:
- Cuidado com os cães. Há muitos.
- O caminho não passa em nenhum local habitado. Não há pontos de água, não há onde comprar comida, não há onde pedir ajuda se ocorrer algum problema.
- Rede Vodafone sem cobertura em grande parte do caminho.

Para quem vai de bicicleta, normalmente pedalamos mais rápido que os cães e, em 30 km, não precisam de pontos de água. Mas fica o alerta, nós tínhamos percebido isso e carregámos tudo na mochila e levámos dois telemóveis de redes diferentes.

A Via Algarviana está bem marcada com estacas bem identificadas. Tivemos dúvidas em alguns cruzamentos por isso aconselho a levarem um GPS.

No final, depois de descansar um pouco em Silves regressámos a São Bartolomeu de Messines de autocarro (Frota Azul). É uma boa opção, há muitos autocarros durante o dia e o último é quase às 8 horas da noite. Dá tempo de fazer esta etapa nas calmas. Nós apanhámos o das 16:30 porque tínhamos uma piscina à nossa espera... Não considerámos o comboio como opção por ia dar uma grande volta e ficava mais caro. Se for um grupo de 3 ou 4 pessoas talvez compense o taxi. São apenas 16 quilómetros por estrada.

Foi a nossa primeira etapa da Via Algarviana, só faltam 13.

Mais informação do projecto Via Algarviana em http://www.viaalgarviana.org.

1 comentário:

Kitos disse...

Estou deliciado!!!