sábado, 11 de dezembro de 2010

Caminho do Xisto da Benfeita - Frescura das Cascatas

"Benfeita", aquela palavra que os nossos pais nos diziam quando fazíamos alguma traquinice e nos magoávamos. Era certinho - se brincasse com o gato e ele me arranhasse - é "Benfeita", diriam os meus pais. É "Benfeita" que já de disse para não puxares o rabo ao gato! "Benfeita" por isto e "Benfeita" por aquilo. A partir de hoje fiquei a saber que afinal a Benfeita, sem aspas, existe e é mesmo bem feita. É uma formosa freguesia perdida na serra do Açor, no concelho de Arganil.

Chegámos à Benfeita por volta do meio-dia, procurámos o único café da aldeia mas estava fechado. Deveríamos ter parado em Côja. Sem café, com as mochilas às costas, lá seguimos à descoberta do Caminho do Xisto da Benfeita - Frescura das Cascatas. É um percurso de PR (pequena rota), com 10 quilómetros, marcado e circular. Mesmo assim levámos o GPS com o track que tirámos do site das Aldeias de Xisto.

A primeira cascata apareceu-nos ainda se avistava o povoado da Benfeita. É uma sequência de cascatas e açudes que alimentam um moinho de água. Uma estrutura antiga que permite moer cereais aproveitando a energia cinética da água da ribeira. É um sistema natural e ecológico não provocando alterações no leito do rio, apenas uma pequena parte do caudal do rio é desviado e devolvido pouco depois. Este moinho ainda funciona e imagino o cheirinho da broa que resulta do milho e do centeio moído aqui.



Pelo gráfico da altimetria, a primeira parte do percurso era sempre a subir. Já sabíamos. Só não contávamos que os caminhos fossem tão difíceis. Demorámos mais de uma hora para percorrer dois quilómetros e meio. Sempre a subir, atravessando ribeiros, passando por paredes com água de um lado e um "cama" de silvas do outro... Trepando paredes através de uma espécie de degraus formados por umas pedras mais salientes. Enfim, foi giro mas cansativo.





Mas atenção, durante todo o percurso há vários bancos de madeira para ir descansando. Admito, usá-mo-los algumas vezes. Muitas vezes, vá!





Para além dos banquinhos existem várias construções para tornar este percurso possível em qualquer altura do ano. Cordas para apoio nas zonas mais difíceis e pontes nos locais em que o nível da água das ribeiras possa dificultar a passagem. Tudo bem enquadrado na paisagem.



O percurso passa por duas pequenas aldeias: Sardal e Pardieiros. São mesmo pequenos povoados. Não encontrámos ninguém para dizer bom dia ou boa tarde, neste caso. Portanto, é sempre boa ideia levar alguma comida. Água há por lá muita e bem límpida mesmo fresquinha, vamos passar a andar com um copo na mochila.

Um dos ex-libris da Mata da Margaraça é a Fraga de Pena. É pena este percurso não passar por lá. Mas nós passámos. Antes de chegar à aldeia de Pardieiros, vão ver um estrada de alcatrão à esquerda do trilho. Quando virem um caminho em direcção à estrada de alcatrão, sinalizada com uma seta azul, desçam por aí até à estrada e depois voltem para trás até encontrarem a indicação de Fraga da Pena. No total, ida e volta, faz-se pouco mais de um quilómetro e ficamos a conhecer uma magnífica cascata formada pela queda da água por um acidente geológico. O local está muito bem preservado, vale a pena uma visita. Dá para ir de carro, basta seguir as indicações Fraga de Pena ou Mata da Margaraça.

A nossa visita à Fraga da Pena aqui.

A parte final do percurso do Caminho do Xisto da Benfeita - Frescura das Cascatas - é muito acessível. Quase sem se dar por isso já estávamos na Benfeita a fazer uns bons alongamentos.



Se nos dessem um inquérito e estivesse lá a pergunta: "Aconselhava este trilho a um amigo?", responderíamos logo que sim. Pode-se fazer o ano todo, mas no Inverno tem a magia das cascatas. No Verão a primeira parte pode ser dificultada pelo calor.

E agora as fotos, onde não faltam um burro e uma ovelha negra. Ficam sempre bem num álbum de fotografias.



O track e informação sobre o percurso aqui.

1 comentário:

noaqui disse...

Miguel e Tânia

Realmente vocês não param! O quanto eu gostava de poder disponibilizar tempo para este tipo de actividades.
Fica a pouca disponibilidade para o BTT e nem sempre.

Um Grande Abraço e Votos de um Natal Feliz e um 2011 na medida dos vossos desejos.

Continuem assim e sejam felizes

José Aquino - Entroncamento