sábado, 18 de abril de 2009

Montemor-o-Novo / Évora / Montemor-o-Novo

Mais um fim-de-semana mais uma grande rota. Desta vez pelo Alentejo. Como o Alentejo é plano, iríamos fazer uma volta grande: 130 km. Mas quem inventou isso do Alentejo ser plano merecia umas vergastadas de vime. Já contava com subidas, mas tantas e tão frequentes isso não estava à espera. Também dizem por aí que no Alentejo não chove e que o deserto do Sahara vem por aí a cima... Mentirosos do caraças! Com todas estas contrariedades a nossa volta teve de ser encurtada. Ficou com 100 km e mil e muitos metros de acumulado.

Saímos de casa com chuva. Isto é muito raro. Quando chove ficamos em casa a fazer companhia ao gato. Mas desta vez quebrámos a tradição e fomos. Enviei uma SMS ao nosso companheiro Carlos a dizer que já ia a caminho para o pressionar a não desistir. Mas não foi preciso, já estava a sair de casa. A viagem até Montemor-o-Novo foi debaixo de chuva. Embora fraca, era chuva. E sendo chuva, molha. E chateia. E cansa. E... não gosto de andar à chuva.

Estacionámos junto a um simpático café em Montemor-o-Novo, onde tomámos o pequeno almoço. No regresso, ainda nos serviu de vestiário... E, principalmente, fizemos o nosso lanche quente. O menu foram as inconfundíveis bifanas de Montemor-o-Novo. Quem conhece sabe do que estou a falar: deliciosamente temperadas e servidas em pão torrado. Maravilha! E como é hábito depois de pedalar à chuva, a meia-de-leite bem quente para aquecer.

Começámos pelas ruas da cidade, com a chuva a cair sobre nós. Numa pequena subida de alcatrão ouvi algumas reclamações mas logo se calaram quando me viram "desaparecer" numa descida até ao Rio Almansor. Aí, não me apeteceu estragar a lubrificação da bike e arranjei um atalho seco.

Quando entrámos nos trilhos percebi logo que seria muito difícil fazer a volta toda. O terreno estava molhado que é como quem diz "pesado". Não se conseguia rolar com facilidade, logo não foi possível cumprir a velocidade média que eu pensava conseguir. Havia alguns troços com lama, mas pouco frequentes. As poças de água também tinham sempre um cantinho onde dava para passar molhando apenas o pneu.

Ainda deu para acelerar um pouco na ciclovia resultante da reconversão do antigo ramal ferroviário de Montemor-o-Novo. Muito bem conservada, com zonas de descanso e estacionamento para bikes. Não tirei fotos porque pensei que iria encontrar outro "ponto de descanso" mais à frente...



Por vezes o trilho estava ocupado por animais de grande porte. Por vezes deitados no trilho ou simplesmente fixando-nos com o olhar. Era impressionante ver as cabeças deles a acompanhar a nossa progressão. Impressionante e um pouco assustador. Uma pata deles em cima da minha bike ainda era capaz de fazer estragos...





Quando subíamos algum monte, o trilho melhorava um pouco. Tornava-se menos "pesado" e a paisagem, apesar de encoberta e tímida pelo frio, mostrava a beleza do Alentejo.





Nesta volta aproveitei para tirar um curso rápido de especialização em vedações. Passei com distinção a Vedações I (vedações de arame) e Vedações II (vedações em alumínio/aço). Não gostei. Prefiro repetir Análise Matemática I e II... Estas vedações, cerca de 20, também ajudaram a queimar tempo. Era preciso abrir e fechar novamente. Numa delas aconteceu um cena caricata. Perguntei à Tânia se queria experimentar abrir e fechar a vedação. Abriu, passámos e ao fechar apareceu um grupo de betetistas a pedir para deixar aberto. O que é que isto tem de caricato? É que a única menina presente estava a abrir/fechar a vedação enquanto os outros dois gajos do grupo assistiam de braços cruzados. Devem ter pensado bem de nós... Pessoal, se descobrirem este blog, fui eu e o Carlos que abrimos todas as outras vedações. A Tânia é que insistiu muito para experimentar.

Bela subida:



Eu e Tânia sabíamos que iríamos passar por vários pontos "culturais". Mas não quisemos dizer nada antecipadamente para ser surpresa. Tenho a certeza que o nosso companheiro, Carlos, adorou.

A primeira paragem foi no Cromeleque dos Almendres. Um importante monumento que apresenta um bom estado de conservação tendo em conta que foi construído num ano em que é preciso escrever "a.C.". Nas fotos, dá para ver a torre da Sé de Évora ao fundo.





A próxima visita foi ao Menir dos Almendres. Aproveitámos para fazer um abastecimento.





A última paragem cultural antes de Évora foi à Anta Grande do Zambujeiro.



Até Évora apanhámos um estradão direitinho até ao Évora Hotel e depois alcatrão até às muralhas da cidade. Aproveitámos a porta (do Raimundo) aberta e entrámos sempre a subir até à Praça com o nome do tal nobre, de trato difícil, Geraldo Sem Pavor: a Praça do Giraldo. Um ex-libris da cidade.



Subimos a rua 5 de Outubro, inundada de turistas, mas dava para passar. Já levávamos setenta e tal quilómetros de trilhos, por vezes, traiçoeiros. Não seriam estes turistas que nos iam mandar para o chão. Passámos pela imponente Sé de Évora e virámos à esquerda até ao Templo de Diana ou Templo Romano (essa discussão não interessa agora).



Andámos mais um pouco até ao jardim em frente para ver a vista e tirar umas fotos. Hoje quase que ficava com câimbras no dedo de tanto fotografar. Tenho treinado muito mas hoje exagerei.



O próximo destino era uma conhecida tasca, dos tempos da boémia estudantil. Mas, infelizmente, estava fechada. Que pena. Estava-me mesmo a apetecer umas moelas como só eles sabem fazer... Então fomos adoçar a boca à emblemática pastelaria Violeta, junto do teatro Garcia de Resende.

A Tânia aproveitou para ir ver umas montras. O que é que se faz num fim-de-semana chuvoso? Vai-se a um centro comercial ver lojas e montras. Tudo normal... Não se percebe o alarido que esta foto gerou:



A mala só não veio connosco porque gastámos o dinheiro todo em bolos.

A chuva estava a cair, cada vez com mais intensidade. Decidimos encurtar a volta e voltar para Montemor-o-Novo por estrada. Voltámos à Praça do Giraldo, descemos a rua Serpa Pinto até às muralhas e siga para Montemor. Só tive pena de não termos ido ao Alto de São Bento. Mas como estava mau tempo perdia-se alguma graça do local.

A chuva fez-nos sempre companhia, excepto numa paragem que fizemos debaixo de um viaduto para comer qualquer coisa.

Em Montemor tomámos o nosso lanche, habitual em pedaladas ao frio/chuva: bifanas e meia-de-leite.

Mais uma grande volta terminada. Foi pena a meteorologia não ter colaborado mas correu tudo bem. Toda a gente gostou e divertiu-se. E é para isso que cá andamos.

Vejam todas as fotos. Vai valer a pena.

Montemor-o-Novo/Évora/Montemor-o-Novo

7 comentários:

disse...

Fiquei com inveja dos sítios históricos onde vocês estiveram. Aprecio imenso o tipo de BTT que vocês fazem, sem andarem a pedalar sem objectivos. A Natureza e os seus marcos históricos são coisas que aprecio enormemente. Só depois vem a adrenalina e os trilhos técnicos, pois para esses já me dói um pouco mais.
Quanto ao gato, tenho pena dele, pois adoro gatos, mas de certeza que tem muitos mimos quando estão com ele.
Beijinhos aos dois.

Carlos disse...

Só hoje é que li este relato, não me lembrava do nome do vosso blog, agora fica guardadinho nos meus favoritos ;-).
Gostei muito da volta e certamente a iremos repetir com o tempo mais favorável para a média subir, embora a média não é o mais importante, mas sim a oportunidade de apreciar as belas paisagens do Alentejo.
Até breve...

Miguel disse...

Olá Tê... Teresa. Bem-vinda a este cantinho "sem stress".

Anónimo disse...

isto é a grande, pela coragem, distancia, E PELAS MAQUINAS C....N XC 2009 : parabéns aux 3.

Paulo GR disse...

Vivam.
Bonita volta.
Poderiam, se o tiverem, facultar-me o track de GPS ?
se afirmativo: paulo.mg.ribeiro@gmail.com

Keep on doing it

Carlos Castanheira disse...

Boa noite

Sou morador de Montemor-o-novo, fiquei interessado no percurso de bicicleta que descreveu. Gostava imenso de o realizar, será que é possível disponibilizar me o percurso feito? por um mapa ou por indicações se faz favor para o meu e-mail: carlos__1391@hotmail.com

com os melhores cumprimentos
Carlos Castanheira

Carlos Castanheira disse...

Continuo a aguardar a resposta gostava mesmo que me facultassem os caminhos, ou como traçaram o percurso que iam fazer, pois eu e uns amigos estamos interessados em realizar o percurso.

aguardo uma resposta breve se faz favor
Carlos castanheira