Este sábado fomos a uma das mais conhecidas maratonas de Portugal, a maratona internacional Idanha-a-Nova/Zarza la Mayor. Sinceramente, preferíamos não ter ido. Mas isso nada tem a ver com esta maratona, já tínhamos outras coisas combinadas mas que as previsões de tempo chuvoso estragou. Agora espero que chova torrencialmente a semana toda. Se não chover, senhores da meteorologia considerem-se convidados para um duelo... Com o programa giro adiado, mas não cancelado, decidimos pela alternativa maratona de Idanha-a-nova.
Partimos de Lisboa cedinho, os injectores do carrito andavam a precisar de uma limpeza do trânsito de cidade. O pequeno almoço foi tomado em andamento porque não queríamos ser "roubados" nas estações de serviço. Chegados a Idanha-a-Nova, havia alguma demora para levantamento dos frontais (tinha escrito bicha, mas depois reformulei para evitar confusões). Então a equipa desdobrou-se: a menina ficava na bich... ai... fila e eu fui preparar as bikes. Ainda vimos a Teresa e o Jorge e a Sandra. Não deu tempo para grandes conversas, às 9 horas já estávamos na partida. Tudo cronometrado, senhores da Formula 1, se precisarem ajuda para os
pit stop nós aceitamos um part-time, desde que não seja aos domingos de manhã. Nesses dias preferimos ir passear para o campo de bicicleta todo o terreno.
Partida dada lá fomos nós descer a calçada romana que não conhecíamos. Que desilusão. Que necessidade haverá em fazer passar mais de mil pessoas, na partida, por esta calçada romana? Ao ritmo de pára-arranca, com os habituais chicos-espertos que pensavam que o mundo ia acabar e forçavam a passagem provocando algumas quedas, desmontei da bike e fui assim até ao fim.
Em Sr.ª da Graça, paragem sobre a ponte! Não percebi mesmo esta partida... Mas deve ser de nós que não estamos habituados a maratonas... Bora lá.
Percorremos alguns quilómetros por alcatrão e... Começa a chover! Ai que isto não estava a correr nada bem. A dúvida 50/100 começou a fazer parte das nossas cabeças. Entrámos nos trilhos, algumas poças com lama, outras só com água e os engarrafamentos habituais. O que não é habitual é ver pessoal quase a andar à porrada porque uns querem passar à frente empurrando as outras pessoas que pagaram o mesmo valor de inscrição. A Tânia fez de apaziguadora. Além disso, a discussão do primeiro lugar já ía a uns largos quilómetros mais à frente. Bora lá.
Os trilhos eram muito rolantes, seguíamos a bom andamento até que encontrámos os nossos amigos Amílcar e João. Tinham tido um furo. Cumprimentos da praxe e "até já, que vocês já nos apanham". Como o ritmo era elevado parámos no abastecimento da Zebreira para comer qualquer coisa. Mas só havia laranjas e água, o resto já tinha acabado... Felizmente íamos preparados com o Camelbak! Bora lá.
Avançámos em direcção a Segura. Que grande acolhimento, até havia música popular ao vivo. O abastecimento estava muito bom com pessoas a oferecer bananas, água e croissants. Bora lá.
Seguimos para uma das prometidas partes mais técnicas da maratona, um longo single-track ao longo da margem direita do rio Erges. À chegada às margens do rio que separa o território Português do Espanhol encontrámos a trupe dos Maníacos do Pedal (Kitos, Carlos, Meska e Dino), iam ao ritmo de gastar o flash das máquinas fotográficas e, como é isso que gostamos, seguimos todos juntos até ao final. Sem se combinar nada foi uma Maníacada. O trilho era de facto técnico mas só num ou outro local. Bora lá.
Agora ao rever as fotos lembrei-me devia ter trazido umas espigas de trigo para quem ficou cá em casa. Mas, pensando melhor, não mereceu. Não aspirou o chão, não lavou e secou a roupa e a louça, não limpou o pó dos móveis e não tinha feito uma sopa quente quando chegámos. Passou o dia a dormir... Se há boas vidas, uma é a de gato...
Deixámos as margens do rio Erges em direcção a Salvaterra do Extremo para depois sentir a adrenalina da descida pela calçada romana. Infelizmente tinha chovido e as pedras estavam escorregadias. Com mais ou menos pé no chão pouco tempo depois já estávamos novamente perto das águas do rio. O dia estava fresco senão a banhoca era garantida. Bora lá.
Passámos o pontão de Salvaterra do Extremo - Zarza e depois de uma pequena subida de alcatrão chegámos a uma calçada que nos levou até ao abastecimento de Zarza. Estava feita a primeira parte da maratona. Excelente abastecimento onde se incluía apoio mecânico. As CANYON são como os motores TDI: muito fiáveis mas gastam um pouco de óleo, problema resolvido pela assistência mecânica gratuita.
Encontrámos o Noddy (não é o Noddy do Noddy, é o Noddy) e a Beta que também tinham acabado de chegar. Estivemos por ali algum tempo a ganhar coragem para enfrentar os trilhos de regresso a Idanha. Disseram-me que eram rolantes até ao último abastecimento. Bora lá.
Vestimos o impermeável e bora lá que Portugal é para a esquerda. As subidas eram mesmo fraquinhas e aumentámos o ritmo. Depois de algum sobe e desce e mais um abastecimento (Toulões) chegámos a Alcafozes. Aqui estava a nossa amiga SUN à espera para nos tirar uma foto de grupo. Descansámos um bom bocado porque pela frente íamos ter várias subidas. A chuva ficou mais intensa e a lama estaria também à nossa espera sempre pronta para sugar as nossas rodas ou desviar-nos do caminho.
A chegada à barragem Marechal Carmona lembrou-nos que estávamos perto de Idanha. Esse sentimento era um misto de felicidade e sofrimento-à-vista. A calçada romana esperava-nos acompanhada de alguma chuva. Antes disso ainda apanhámos uma boa subida desde a fundação do paredão da barragem e uma descida complicada. A descida fez-se bem, com calma. Só havia uma trajectória possível, era preciso controlar bem a bike. Dava para ver uma ambulância no final o que nos fazia, inconscientemente, ir com mais calma.
E para finalizar, a calçada romana. Inicialmente a pedalar, depois a andar e depois a pedalar. Montei-me na bike e disse "Vou ficar à vossa frente na classificação". Foram as palavras mágicas para a Tânia e o Carlos começarem a pedalar... O Carlos nunca mais o vi... A Tânia chegou um bocadito (grande) cansada.
Para finalizar, a Tânia teve banho de água fria. Que maldade, isso não se faz. Então a menina tem a coragem de ir fazer 100km numa maratona com elevado grau de dificuldade, andou muitos quilómetros debaixo de chuva, esforça-se a subir algumas partes da calçada romana e depois não tem direito a água quente?!!
Resumindo, gostámos muito dos trilhos, a chuva estragou um pouco a festa, a sinalização estava perfeita, o track GPS fornecido só falhou na última parte junto da barragem. Negativo apenas o primeiro abastecimento e o banho de água fria para a Tânia.
O jantar foi muito animado com a presença do Monteiro (que chegou às 16:20 e esperou até às... Não me lembro) e da família BOY_SCOUT. Ainda tivemos a visita da Beta e do Manel.
No regresso a casa, novo encontro de amigos na área de serviço de Santarém.
Os números dizem que fizemos 103 quilómetros com 2000 metros de acumulado.
Bora lá?