A manhã acordou chuvosa. Apanhámos muita chuva e vento a caminho de Coimbra. Ainda ponderámos ir só levantar os dorsais e almoçar, mas optámos por arriscar. Chegámos cedo, a tempo de ver o pessoal chegar e sentir o ambiente. Mas estava tudo muito calmo. Como a chuva. Se tivesse chovido nessa altura, tínhamos ficado dentro do carro e não alinhávamos na partida. Mas a chuva não colaborou.
Encontrámos a Beta e o Manel que tinham tomado a decisão acertada. Não é preciso dizer qual foi, pois não?! Fomos preparando as bikes e esperando pelos dorsais que a Sandra tinha levantado de véspera. Obrigado Sandra.
A Sandra, atrasou-se um pouco. Sim, sabemos que a culpa não foi tua. Estás desculpada. Fui ter com ela, ao final da descida, para trazer os dorsais. Quando já vinha a subir passa por mim uma menina (quando se casam deixam de ser "menina" para ser "senhora". Será isso? Tenho de ir cuscar no livro na Bobone) a grande velocidade. Era a Soraia. Está cá com uma... não é pedalada... como é que se diz? Bem, não me ocorre a palavra agora. O que é certo é que a Soraia passou por mim e eu ia de bike. Era uma subida com mais de 10% de inclinação.
Quando estávamos a colocar os dorsais ouvimos a partida. Esperámos mais um pouco pela Sandra, mas como ela nunca mais aparecia seguimos para os trilhos. Apanhou-nos pouco depois e seguimos juntos até ao final. Grande companhia. Temos de repetir em trilhos mais agradáveis.
Na ligação entre a falsa partida e a partida oficial ainda vi a Teresa com a sua Epic. E mais tarde nos frequentes atascansos. Coitadinha da Epic, tão novinha e já metida na lama.
Estávamos avisados que só os primeiros 18 km teriam lama. Íamos olhando para o conta quilómetros a desejar que o km 18 chegasse. E, finalmente chegou. Chegou o 18, o 19, o 30 e o 35. E a lama sempre presente. Foi horrível, desesperante. Por vezes havia uma aberta e logo depois a lama estava de volta nas mais variadas formas e cores.
A organização tem culpa da lama? Não. Mas podiam ter escolhido trilhos mais cicláveis.
É certo que andei sempre a olhar onde poderia colocar o pneu da frente (passei a volta a olhar, literalmente, para o chão) mas os trilhos não tinham nada de especial. Era pelo meio de matas de eucaliptos. Aqui, a 15 minutos de Lisboa, temos trilhos bem melhores.
Nesta volta tínhamos um novo setup nas bikes. Colocámos um pneu Nobby Nic 2.1 atrás e mantivemos o 2.25 à frente. Apesar de tudo, esta configuração dos pneus não nos deu problemas. Antes pelo contrário, foram uma grande ajuda. A lama não se agarra ao Nobby Nic 2.1 e permitem seguir uma rota mesmo quando a lama é mais que muita. As bikes também estão de parabéns. As Canyon XC e a transmissão Shimano XT / SRAM X9 estiveram irrepreensíveis até ao final. Sempre prontas para as solicitações. Aprovadíssimas. As pastilhas dos travões é que foram à vida.
O abastecimento, muito bom, foi demasiado tarde. O desgaste era muito e muita gente parava antes para tomar o farnel.
No abastecimento encontrámos a Lídia. Companheira numa aventura épica. Lídia, agora aceitam-se apostas: "à terceira é vez" e temos bom tempo ou "não há duas sem três" e teremos mais do mesmo. Depois arranjo uma linha de valor acrescentado para registar as apostas. Uma boa maneira de ganhar algum dinheiro para pagar os "estragos" nas nossas bikes.
Nesta altura o pensamento era unânime. A partir dali não haveria mais lama. Estávamos redondamente enganados. Foi lama até ao fim.
Mais para o final, já me custavam a fazer as subidas e desmontava quase sempre para seguir a pé. Já estava farto daquilo tudo. Mas nunca me passou pela cabeça desistir. Desistir como? Voltar para trás?!! Nãããããããoooooooooooooo... Tirem-me deste filme! Ainda dei uns murros na cara para verificar se não era um sonho (pesadelo). Não era. Além de me ter doído apercebi-me que a minha cara tinha uma película de lama. Estava desesperado.
Penosamente, lá nos arrastámos até à meta. Uff já está. Vamos lá tomar um banho quente. O banho teria de esperar. Ainda tinha de ser feita mais uma "etapa de ligação" com dois quilómetros a subir. A organização disponibilizou um autocarro e um camião para levar as bikes. Mas as nossas bikes já tinham sofrido tanto que não achámos bem largá-las num camião. Fomos a pedalar.
Na escola C+S grande fila para lavar as bikes. Quase congelámos na espera. Depois de tirada a lama maior, fomos rapidamente tomar o merecido banho. A Tânia teve de tomar com água fria ou "temperada" como lhe chamaram. Ainda tinha sofrido pouco...
Mas ainda havia mais. Quando chegámos para almoçar tínhamos uma enorme fila à nossa frente. Esperámos 15 minutos e como aquilo não andava, decidimos fugir dali em direcção a casa.
À beira do IC2 encontrámos um simpático restaurante onde tomámos uma saborosa refeição quente: cabrito no forno com arroz, batatas e grelos. Divinal.
Depois seguimos para casa no conforto do nosso carrinho. O pior já tinha passado.
A nossa lista do NUNCA MAIS já foi aumentada.
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