quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Trail Run Bucelas, o meu primeiro trail!

Há tanto tempo que andava a querer participar numa prova de trail que quando vi um evento mesmo aqui do outro lado da serra, em Bucelas (1.º Trail Run Bucelas), não pensei duas vezes e inscrevi-me. Na distância maior, claro. À Homem!

Claro que há muito tempo que incluo treinos em terra batida, mas não passa disso mesmo, de terra batida. Num trail espera-se outro tipo de terreno. Também treino em passeios e estradas de cidade, logo já estou treinado para me desviar de buracos e caca de cão. Pode não parecer mas ajuda...

Na véspera caíram umas chuvadas que enlamearam os trilhos, essa foi a maior dificuldade. Os trilhos estavam mais escorregadios e os ténis o dobro mais pesados.

O início da prova foi em alcatrão, a subir, para separar o trigo do joio. Mas nestas provas do trail não há joio, há homens (e mulheres) corajosos dispostos a superar os seus próprios limites. Talvez inspirados no Ulrich, pensam: se o Carlos Sá aguenta nós também aguentamos!  "Ai aguenta, aguenta"...

Se, na estrada, toda a gente corre mais que eu a descer, no trail, sou mais competitivo (!). Aguentei-me bem, só sendo ultrapassado por duas senhoras que mais tarde vi que ficaram em segundo e terceiro lugar. Nos primeiros quilómetros eu passava-as nas subidas e elas passavam-me nas descidas. Até que nunca mais as vi...

Até aos 12 quilómetros foi um sobe e desce constante por entre estradões e carreiros de cabras (acho que também lhe chamam single-tracks) que conheço bem dos treinos de BTT, onde não faltou o trilho da cascata de Bucelas.

Depois da separação dos percursos começámos logo por lavar os pés. Hesitei se deveria tirar os ténis, podia aleijar-me em algum vidro ou pedra mais afiada. Como não têm GORE-TEX, vão secar. E assim foi, calçado.



Segui-se uma longa subida até perto da central eléctrica de Fanhões. Na descida aproveitei para recuperar algum tempo, a um ritmo inferior a 5min/km. Mas sem exageros, pois estava muito escorregadio e ainda faltava a subida até perto de Santa Eulália. Nesta altura sentia-me bem, pois descansei na subida...


Parei no abastecimento, parei em todos, para comer uma fruta e um resto do gel para me dar energia para a grande subida que faltava. Mais uma vez a lama estava a estragar a festa, foi pena.

O percurso foi espectacular, apesar da lama, não ouvi ninguém a queixar-se das condições do piso nem das duras subidas. Estávamos lá para isso.

A descida final já foi muito cautelosa, estava perto de concluir o meu primeiro trail. Um trail de categoria difícil com mais de 800m de altimetria e mais de 23 km.

Na chegada estava praticamente exausto, acho que não tinha forças para pegar um porco pelo rabo! Sim, um porco, porque para um gato ainda tinha...

Depois dos alongamentos, notava que tinha um andar estranho... Estranho, este nosso corpo. Durante a prova não senti qualquer dor e 10 minutos depois de terminar parece que nem sabia andar. Uma tarde de repouso foi suficiente para a recuperação. Nos dois dias a seguir à prova ainda andava com umas dorezitas e já estou pronto para outro.

A boa notícia chegou à noitinha, consegui o objetivo de ficar classificado do meio da tabela para cima. Fiquei no lugar 119 entre 249 participantes masculinos, com o tempo oficial de 2h33m55s. No setor feminino, participaram, na distância longa, 31 elementos.

Dos relatos que já vi, toda a gente publicou uma foto com as suas sapatilhas envolvidas numa película (grossa ou com várias camadas) de lama. Confesso que deixei escapar a oportunidade, mas tratei logo que foi possível de lhe devolver as cores originais. Para elas foi também a estreia num trail, só tinha feito dois treinos de habituação em terra batida.

O relato do blog "Nem 80 Nem 8" tem um conjunto de fotos que retratam algumas partes do percurso. E não falta, claro, a foto da praxe... E uma perspectiva no feminino.

Experimentem o trail, as dores passam em dois dias. Se treinarem talvez nem as sintam.